sexta-feira, 9 de março de 2012

The (fuckin') End

      Estou aqui, taquicárdica, sem ar, tremendo, sentada ao teu lado, no banco da frente do carro, prestes a terminar contigo. A noite anterior foi longa e percebeste que as coisas não estavam bem. Pelo menos eu gostaria de acreditar que tivesses percebido. Talvez não soubesses a dimensão do que me angustiava ou do que se tratava, mas eu tenho certeza que sabias que havia algo de errado. Teus olhares preocupados, tuas caras e bocas me davam essa certeza. E é isso que me conforta; saber que nada foi em vão, que existia algo verdadeiro entre nós.
      Passei a noite inteira - fora as incontáveis semanas anteriores - pensando na decisão que tinha tomado, em como te contar, em como me fazer acreditar que essa era a coisa certa a se fazer. Te confesso que ainda tenho minhas dúvidas. Mas, tinha que fazer algo. Essa inércia estava me matando. Pode ser que me arrependa depois, mas fiz, o que pra mim, era o certo a ser feito agora. Só o tempo vai responder todas as minhas perguntas - que são muitas, por sinal.
      Meu estômago está embrulhando. E parece que quanto mais andamos, mais longe estamos da minha casa. Isso está ficando cada vez mais difícil. E pára de me olhar com essa cara! Não dificulta mais as coisas. Deves estar te perguntando o que aconteceu, porque estou agindo como uma estranha. Mas, não te passa pela cabeça que a nossa relação, o nosso "casinho", sejam os culpados disso tudo. É, meu amigo, você mexe demais comigo, e não poder gritar isso pra ti e pro mundo está me deixando louca.
      E é justamente esse o motivo do término, se é que queres saber; não poder te ter do jeito que eu gostaria foi o que me fez tomar essa decisão - talvez a mais difícil da minha vida, até o momento. Te ter em curtos intervalos de tempo, "sempre que desse", já não estavam mais funcionando pra mim.
      E chegou a "hora da verdade", a hora em que tudo vai se esclarecer e vou, por fim poder seguir em frente. A curtos passos, um dia de cada vez, mas vou. Esse era o plano, entretanto, ilusão minha de que eu conseguiria falar tudo isso. 
    Que droga! Na minha cabeça essa conversa parecia muito mais fácil. Não lembrava, porém, que teria de enfrentar teus olhares profundos, que me hipnotizam, sentir o teu cheiro tão perto de mim. Que droga! Não consegui dizer nada do que queria! Foi um fim ridículo, sem explicções, sem esclarecimentos, sem lágrimas. Acabou. Saiu tudo errado, mas sinto que fiz a coisa certa, apesar de tudo. Está doendo. Doendo muito. Mas, o tempo está a meu favor, e nada como um dia de cada vez para eu me recompor. Vai ficar tudo bem. Só é uma pena que nunca vais saber de nada disso...