Por que
fazes isso comigo? O teu silêncio me deixa louca; a tua indiferença me queima
por dentro, me corrói, me dói... É tão difícil assim me dizer o que está se
passando na tua cabeça? Porque pra mim tá ficando impossível ter que
adivinhar...
Já cansei
desse joguinho de fingir que tá tudo bem. Já cansei de conversas jogadas fora,
de falar de tudo e nada ao mesmo tempo, de me deixares ansiosa ouvindo tua voz
insuportavelmente doce falando de filmes, músicas, estudo, trabalho, correria,
e nunca de mim; de nós... Cansei, sabe?
Tentei te
entender, te ler de todo o jeito, mas não me permites. Tens um “ar”
indecifrável, encantador, instigador que antes me inspirava, me nauseava, me
entorpecia, mas agora, já não.
Sinto falta
de quando ríamos até chorar, de quando nossos olhos se encontravam e sorriam e
se perdiam em segundos, minutos, horas; nada mais importava, só aquele momento
ínfimo, insignificante na imensidão que é o universo; mas, para nós era o
infinito, quando dois corpos, os nossos corpos, se materializavam em um só, em
um tempo e espaço que não podiam ser calculados, nem medidos. Sinto falta
disso, sabe...
Sinto falta
das pequenas coisas, dos pequenos gestos, de como me olhavas, de como fazias um
comentário bobo sobre eu estar bonita (mesmo eu estando no meu pior dia!). Por
que as coisas já não são assim? Por que tudo parece estar diferente? É até um
pouco difícil te reconhecer; tão diferente, tão “na tua”, cheio de segredos e
mistérios - e não aqueles do tipo que me deixam louca e instigada a descobri-los,
e sim aqueles do tipo sombrios, que têm me afastado de ti.
E quando me
falavas dos teus sonhos e medos, das tuas conquistas, dos teus segredos mais
profundos?! O que aconteceu? Por que eu sinto que tudo isso se perdeu, se
esvaiu para um lugar escuro e foi embora para sempre?
Ah, não
sabes como eu queria que desse certo! Não sabes o quanto mexes comigo, o quanto
te ver conversando com outra me tira do sério, o quanto estar contigo é uma das
melhores coisas dos meus dias, o quanto teu beijo me faz perder a noção, me
deixa tonta, o quanto teu cheiro me hipnotiza e o teu abraço faz-me sentir
segura. Por que tenho que sentir que isso já não existe?
Vai ver eu
é que sou uma boba, eterna apaixonada, que precisa crescer e entender que o
mundo se trata só de materialismo, sucesso, trabalho, conveniências e que não
existe esse negócio de amor...
Sinceramente,
se assim for, esse mundo não é pra mim. Eu amo, e amo muito, e me entrego, me
jogo de cabeça e me perco, e caio e me esqueço desse jogo que sou forçada a
jogar.
Ou, vai
ver, sendo um pouco mais otimista, que o amor existe e eu apenas não sou aquela
que vai te fazer sentir borboletas no estômago, que vai te fazer acordar todos
os dias com os pensamentos nela, que vai te fazer o homem mais feliz do mundo,
que vai te fazer querer estar o tempo todo com ela, que vai te fazer encontrar
sempre um tempo na sua agenda superlotada só pra vê-la, nem que por 5 minutos,
como você me faz fazer todas essas coisas.
Eu só
queria agora que você me dissesse o que se passa na sua cabeça, porque eu já
cansei de tentar decifrar. Essa inércia toda tem me matado aos pouquinhos, a
cada dia que passa. Se eu estiver enganada, se você se sentir do mesmo jeito
que eu, me fale, por favor; se não, se toda essa minha teoria maluca estiver
certa, também me diga; acabe logo com isso. É só o que eu estou pedindo: acabe
logo com esse silêncio...