quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Fora do alcance


Você está sempre destinado a fracassar
Não há nada que você possa fazer
O peso da gravidade começa
A puxá-lo para baixo novamente
Então, o que você irá fazer agora?
Preso entre a esperança e a dúvida
Você chega tão perto da clareza
Faz você questionar tudo

Você está tão longe
Tão longe de mim
Está começando a quebrar
Debaixo dos meus pés
Você está tão longe
Eu que estou fora do alcance?

Estamos sempre falando em círculos
Olhando para fora com olhos vazios
Querendo ser conhecido novamente
Mas com tanto medo de deixar
Então, eu deixo tudo para a história?
Será que você vai me responder?
Você ainda reconhece a minha voz
Ou é perdida entre o ruído

Você está tão longe
Tão longe de mim
Está começando a quebrar
Debaixo dos meus pés
Você está tão longe
Eu estou apenas fora do alcance?

Enquanto o mundo se desfaz
Estamos retrocedendo às sombras
E todos ao nosso redor
Estão fazendo o caos
Ah, eu não posso encontrá-lo
Eu estou andando como se eu fosse cego
Estou dizendo alguma coisa?

Você está tão longe
Tão longe de mim
Está começando a quebrar
Debaixo dos meus pés
É gravado na pedra
Alguém poderia me dizer por favor?
Estou sozinho?
Eu estou fora do alcance?

- Matthew  Perryman Jones - 
Out of Reach

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Pedaço de céu


Novos ares... Às vezes é disso que a gente precisa para colocar a cabeça no lugar, para repensar os planos e sonhos antigos, para desenhar novos, para esquecer a monotonia da rotina, para se reinventar.
Tinha esquecido como caminhar pela praia, com aquela “areinha” macia sob meus pés, sentindo a brisa leve sobre meu rosto e o sol aquecendo levemente minha pele podiam me trazer tanta paz; um verdadeiro estado de êxtase, em que meus pensamentos desapareciam como se tivessem medo de serem levados pelas ondas que quebravam à beira daquele paraíso, e minha mente transformava-se em um grande vazio, este necessário para a plena contemplação daquela cena.
Uma imensidão sem tamanho à minha frente. Infinitas tonalidades de azul dançavam, brincavam e me convidavam a fazer parte daquele cenário. Era a mistura perfeita de céu e mar. Não resisti e me entreguei aos encantos daquela sinfonia, que me domava e dominava feito um homem sedutor.
Primeiro os pés, depois as pernas e quando me dei conta, minha cintura já estava tomada. Era impossível voltar. Estava hipnotizada e queria ir cada vez mais a fundo, me juntar àquele pedaço de céu sem sair do mar e me tornar peça fundamental daquele quebra-cabeça de cores e movimentos.
Deitei-me de olhos fechados sobre o mar e flutuei. Quando os abri, tive a melhor sensação do mundo: uma mistura de paz, prazer, alegria e tantas outras indescritíveis; eu estava tocando o céu, deitada sobre aquela “pele” macia do mar.
Involuntariamente soltei um grito. Ele olhou-me, cheio de malícia, completamente satisfeito com minha reação. Minhas bochechas coraram. Lentamente, aproximou a cabeça de meu pescoço, beijou-o deliciosamente e sussurrou no meu ouvido, com um risinho incontido: Te fiz ir à Lua?! Um pouco tímida e envergonhada, afirmei com a cabeça, porque explicar o que tinha sentido podia assustá-lo e isso era o que eu menos queria depois da nossa primeira noite. Mas, naquele dia eu tinha ido à praia, flutuado sobre o mar e tocado o céu. E agora, só me resta a espera ansiosa dos meus próximos destinos...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Refém


Queria poder entender o funcionamento da mente humana. Queria poder “desligar” inúmeras partes dela com um simples toque em um botão. “Off”. E tudo iria embora. Sumiria como se nunca tivesse existido.
Queria poder controlar o que entra e o que sai do meu consciente. Tantas coisas deviam ser guardadas e esquecidas no interior das sombrias asas do inconsciente; no entanto, outras deviam vir à tona e preencher permanentemente minha “tabula rasa”.
Tantos pensamentos, lembranças, sonhos, planos percorrem minha mente de maneira ensurdecedora, sem controle algum, como se pudessem dominar todo o meu ser com suas vontades próprias.
Já não sei mais o que é mente e o que é corpo; o que é fantasia e o que é realidade. Meu corpo vaga por onde minha mente quer e esta, por sua vez, é uma completa refém da loucura que nela está instaurada.
Queria poder desligar alguns botões. Queria racionalizar menos as coisas, me importar menos, me entregar menos, sofrer menos. Queria sonhar mais, organizar meus planos de modo a realizá-los, queria rir mais – da vida, de mim, de minha insignificância neste mundo -, queria encontrar paz – não aquela momentânea e passageira, e sim aquela que permanece, que dá sentido à vida -, queria ser mais feliz – comigo mesma, com aqueles ao meu redor e que se importam comigo.
Queria tantas coisas. E agora sou só eu, tentando fugir do que a minha mente me faz acreditar ser. Tento acreditar que estou presa, que minha mente é um verdadeiro campo de guerra, porque assumir que minhas ações e emoções são sãs é inadmissível; é assumir que gosto da dor e do sofrimento e que é isso que me torna humana.
E continuarei boba, torta, cheia de defeitos... Refém da minha própria mente.

Silêncio


Por que fazes isso comigo? O teu silêncio me deixa louca; a tua indiferença me queima por dentro, me corrói, me dói... É tão difícil assim me dizer o que está se passando na tua cabeça? Porque pra mim tá ficando impossível ter que adivinhar...
Já cansei desse joguinho de fingir que tá tudo bem. Já cansei de conversas jogadas fora, de falar de tudo e nada ao mesmo tempo, de me deixares ansiosa ouvindo tua voz insuportavelmente doce falando de filmes, músicas, estudo, trabalho, correria, e nunca de mim; de nós... Cansei, sabe?
Tentei te entender, te ler de todo o jeito, mas não me permites. Tens um “ar” indecifrável, encantador, instigador que antes me inspirava, me nauseava, me entorpecia, mas agora, já não.
Sinto falta de quando ríamos até chorar, de quando nossos olhos se encontravam e sorriam e se perdiam em segundos, minutos, horas; nada mais importava, só aquele momento ínfimo, insignificante na imensidão que é o universo; mas, para nós era o infinito, quando dois corpos, os nossos corpos, se materializavam em um só, em um tempo e espaço que não podiam ser calculados, nem medidos. Sinto falta disso, sabe...
Sinto falta das pequenas coisas, dos pequenos gestos, de como me olhavas, de como fazias um comentário bobo sobre eu estar bonita (mesmo eu estando no meu pior dia!). Por que as coisas já não são assim? Por que tudo parece estar diferente? É até um pouco difícil te reconhecer; tão diferente, tão “na tua”, cheio de segredos e mistérios - e não aqueles do tipo que me deixam louca e instigada a descobri-los, e sim aqueles do tipo sombrios, que têm me afastado de ti.
E quando me falavas dos teus sonhos e medos, das tuas conquistas, dos teus segredos mais profundos?! O que aconteceu? Por que eu sinto que tudo isso se perdeu, se esvaiu para um lugar escuro e foi embora para sempre?
Ah, não sabes como eu queria que desse certo! Não sabes o quanto mexes comigo, o quanto te ver conversando com outra me tira do sério, o quanto estar contigo é uma das melhores coisas dos meus dias, o quanto teu beijo me faz perder a noção, me deixa tonta, o quanto teu cheiro me hipnotiza e o teu abraço faz-me sentir segura. Por que tenho que sentir que isso já não existe?
Vai ver eu é que sou uma boba, eterna apaixonada, que precisa crescer e entender que o mundo se trata só de materialismo, sucesso, trabalho, conveniências e que não existe esse negócio de amor...
Sinceramente, se assim for, esse mundo não é pra mim. Eu amo, e amo muito, e me entrego, me jogo de cabeça e me perco, e caio e me esqueço desse jogo que sou forçada a jogar.
Ou, vai ver, sendo um pouco mais otimista, que o amor existe e eu apenas não sou aquela que vai te fazer sentir borboletas no estômago, que vai te fazer acordar todos os dias com os pensamentos nela, que vai te fazer o homem mais feliz do mundo, que vai te fazer querer estar o tempo todo com ela, que vai te fazer encontrar sempre um tempo na sua agenda superlotada só pra vê-la, nem que por 5 minutos, como você me faz fazer todas essas coisas.
Eu só queria agora que você me dissesse o que se passa na sua cabeça, porque eu já cansei de tentar decifrar. Essa inércia toda tem me matado aos pouquinhos, a cada dia que passa. Se eu estiver enganada, se você se sentir do mesmo jeito que eu, me fale, por favor; se não, se toda essa minha teoria maluca estiver certa, também me diga; acabe logo com isso. É só o que eu estou pedindo: acabe logo com esse silêncio...