domingo, 20 de novembro de 2011

O céu está sem estrelas

      ...e ela olhou para o céu, com os olhos encharcados de lágrimas, esforçando-se para encontrar alguma explicação naquele universo paralelo para as coisas que estavam dando errado. Observou cuidadosamente aquela imensidão acima dela; a lua estava linda, encoberta por pequenas nuvens que dançavam ao seu redor. Sua luz era de uma intensidade nunca vista. Parecia estar brilhando mais do que nunca...
       Depois de muito contemplar aquele cenário jamais visto, ela pôde perceber uma coisa. O céu estava sem estrelas. Não havia sequer uma estrelinha para iluminar aquele infinito azul. Ela não compreendia. Como aquele espetáculo da natureza, feito com tanta maestria, podia ser tão completo e cheio de significado em um segundo e, no seguinte, parecer incompleto, com um vazio instaurado?
      E agindo como se pudesse invadir sua mente e penetrar em seus pensamentos mais profundos, ele aproximou-se dela e lhe disse: "Você viu como a lua está linda? Ela está brilhando mais do que nos outros dias... Apesar de estar sozinha nessa imensidão azul, ela não se intimidou; ao contrário, buscou em seu interior toda a luz que podia oferecer, na tentativa de suprir a ausência das estrelinhas. E até certo ponto deu certo, não foi?! Você demorou bastante tempo para perceber que no céu não havia estrelas."
      Ela se perguntava quem era aquela pessoa que conhecia profundamente seus medos, respondia aos seus anseios, suas dúvidas, sem que palavras necessitassem ser ditas. E mais uma vez, como quem entra sem pedir permissão, ele lhe disse: "Você quer saber quem eu sou, não é?" E com os olhos amedrontados ela fez um sinal afirmativo com a cabeça. Então, ele lhe disse: "Eu sou cada verdadeiro e fiel amigo que você tem em sua vida. Quando mergulhei em seus olhos e percebi que estavam angustiados, não suportei vê-la assim. Eu conheço suas manias, seus medos, suas inseguranças; com apenas um olhar, sei tudo sobre o seu dia. E sei também que as coisas não vão bem."
      E prosseguindo, ele lhe disse: “Você entendeu o que viu ao olhar para a imensidão acima hoje? O céu estava incrivelmente belo. Uma beleza peculiar. E apesar de não haver estrelas, a lua brilhou como nunca. E assim deve ser em nossas vidas. Todas as vezes que as coisas não estiverem de acordo com nossos planos, devemos buscar em nosso interior forças para continuar, para brilhar, da mesma forma como a lua o fez. Quando você não vir estrelas no seu céu, lembre-se que você pode continuar iluminando tudo a sua volta, bastando para isso que você busque tudo o que tem de melhor na sua alma, no seu coração."
      As palavras saiam da boca dele e acalmavam o coraçãozinho dela, traziam-lhe paz. E ele continuou. "Nem sempre é fácil buscar forças dentro de si e enfrentar os obstáculos sozinho. Para tanto, ao amanhecer, quando a lua já está cansada e sem forças para iluminar o céu, seu grande amigo sol está ali, pronto para ajudá-la. Da mesma forma, quando você já não conseguir lutar só, nunca se esqueça que existem pessoas que a amam e que estão ao seu redor prontas para lhe estender a mão quando você cair."
      Ele, então, lhe deu um abraço bem apertado. Ela encontrou nos braços dele um porto seguro; abraçou-o como uma criança que pede proteção. 
      Ela abriu os olhos rapidamente sem entender o que havia se passado. Não sabia se aquilo tinha sido um sonho, mas também não lhe interessava saber. A única coisa da qual tinha certeza é que nunca mais olharia para o céu da mesma forma. E naquela noite, ela debruçou-se na janela do seu quarto e exclamou: Que lindo! O céu está sem estrelas! E naquele momento, tudo fez sentido.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Palavras da alma

      Minha querida leitora assídua, me desculpe pela postagem de hoje. Eu sei o quanto você está precisando de umas boas palavras amigas, mas hoje eu vou fazer uma postagem mais pessoal, porque, às vezes, faz-se necessário, colocar pra fora aquilo que a gente sente, e se deixar levar pelos sentimentos que experimentamos nesse meio tempo.
      Durante toda a minha vida (e que vida longa, heein?! hahaha), achei que não haveria um cara pra mim. Via defeito, inventava defeito..., nunca estava satisfeita! Chegava a acreditar na possibilidade de que passaria os anos sozinha. E isso me aterrorizava; ainda mais quando se vê de perto uma situação como essas. É deprimente querer estar com alguém com quem se possa compartilhar os sonhos, os medos, as idiotices e loucuras e, não conseguir encontrar esse alguém.
      E com o tempo e as experiências seguintes pude perceber que eu era o problema. Não era com "o carinha que não era carinhoso o suficiente", nem com "o outro que não gostava de mim o suficiente". Eu era o problema e agora eu podia enxergar isso, claramente. Eu me olhei no espelho e ignorei minha forma física. Mergulhei nas profundezas de minha alma e pra minha surpresa encontrei uma menininha insegura, cheia de medos e incertezas, que não acreditava que podia encontrar a felicidade.
      E desde então, vi que fugia de mim mesma. E acabava por afastar todos aqueles que tentavam de mim se aproximar. Eu entrava em pânico diante de toda situação em que as consequências que viriam a seguir dependiam dos meus atos e escolhas. E sempre foi mais fácil fugir, se esquivar, mesmo que inconscientemente. Mas até quando eu aguentaria viver dessa forma, fugindo de tudo e de todos e me isolando da vida?!
      Mas para isso, Deus coloca as pessoas certas no nosso caminho, os nossos anjos da guarda, que nos guiam, nos protegem e só querem nos ver felizes. Sábias as palavras de uma anjinha que fica perambulando por aí, que me disse que todos somos inseguros e que temos nossos medos e incertezas, mas que devemos nos dar a chance de viver e ser felizes. E o mais importante: ser feliz sem se preocupar com o que vão dizer! A felicidade é auto-suficiente; se você a tem, nada mais importa...
      E devagarinho, largando lentamente minha insegurança e minhas incertezas, resolvi me dar uma chance. Não teria nada a perder... Na verdade, acabei ganhando com tudo isso. E mais importante que isso, estou feliz. E pode ser que essa felicidade dure um segundo ou uma eternidade, mas o que realmente conta é que eu pude sentí-la.
      Não posso dizer que meus medos se extirparam e que minha insegurança simplesmente desapareceu. Continuarei tendo minhas dúvidas e sentindo aquele friozinho na barriga quando estiver diante de situações que dependam de meus atos, minhas escolhas. Mas de uma coisa estou certa, o que me fez vencer esses obstáculos foi ver a felicidade na minha frente, tão próxima de mim e ter a certeza de que não podia deixá-la escapar.

sábado, 5 de novembro de 2011

Palavras amigas

      Hoje vou escrever diretamente para uma grande amiga. Não que nas outras vezes (tantas outras! haha) não fosse pra ela, já que é a única que lê o blog, hahaha. Mas o que eu quero dizer é que hoje vou escrever como se estivesse conversando, batendo um papinho com ela. Então, nada de muitas formalidades.
      Sabe o que é engraçado? É você achar que com o tempo, experiência e maturidade as coisas ficarão mais fáceis, e que você terá o controle da situação, seja ela qual for. A verdade é que, realmente, adquirimos mais experiências e nos tornamos mais maduros, mas em essência, ainda somos os mesmos, com nossos medos e manias, nossas aflições e loucuras. Aprendemos a utilizar mais a razão para lidar com as diversas situações que aparecem em nossas vidas, porém, experimentamos também a paixão, que de modo avassalador e inusitado vem e bagunça toda a nossa planilha pro futuro e, de certo modo, estraga tudo.
      Faz parte da natureza humana...Não há como fugir disso. Entretanto, o que separa o certo do errado, ou seja, aquilo que nos faz bem daquilo que nos faz mal, é uma linha tênue, a qual é transponível a cada decisão. Cabe a nós saber lidar com cada situação; colocar em uma balança razão e paixão e observar se o custo justifica o lucro. Obviamente, não é tão fácil na prática quanto na teoria. Portanto, é passível de erros. E não adianta se punir por uma decisão errada. Não vai ser a primeira e única vez. Aprender com os resultados não esperados é a verdadeira lição.
      Lamentar? Lamentar, por quê? Pessoas podem ser afetadas por nossas decisões, podem sair machucadas... Mas, se pararmos para pensar sempre que tomamos uma decisão afetamos as pessoas ao nosso redor. Em intensidades diferentes, claro. Entretanto, o que irá definir se fizemos a coisa certa ou não, é a importância que essas pessoas têm em nossas vidas, e se levamos isso em consideração.
     Ainda assim, caso seja tomada a decisão errada, não se preocupe; você saberá que a fez, quando, ao final do dia, encostar a cabeça no travesseiro e descobrir que não está feliz, que não fez a coisa certa (Nesses casos, só uma recomendação: seguir o legado de Charlie Harper e encher a cara! hahaha). Felizmente, cada dia é um dia, e você terá a chance de fazer o que é certo no dia seguinte.